5. A Lei do Carma 4
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Introdução ao estudo das obras de Ramatís
Deus não é um cérebro atento e implacável que intervem punitivamente a cada momento em
que alguém se equivoca. O pagamento do “ceitil por ceitil” é efetuado automaticamente pelo
próprio espírito faltoso e, se a isso ele se sujeita, é porque costuma entrar em conflito com as
regras que dirigem a sua própria ascensão espiritual.
Então, ele há de sofrer a ação contrária, da Lei, assim como a criança que queima a mão no fogo, não
porque este seja vingativo e a castigue, mas apenas porque é um elemento comburente.
Deus não cataloga ofensas praticadas por seus filhos, assim como não concede condecorações àqueles
que o lisonjeiam constantemente.
Ele apenas estabeleceu leis equânimes e sábias, que agem sob a égide do próprio homem e arrebatam
os retardatários, os rebeldes e os teimosos que ainda estacionam à margem dos caminhos da vida ilusória
da forma, ajustando-os novamente ao curso exato de sua ventura espiritual.
A própria criatura é que se coloca diante de sua obra, devendo auferir-lhe os benefícios ou sofrer os
prejuízos conforme disponha de sua vontade no sentido do bem e do mal.
Mesmo considerando-se como severa e condenável a lei do “olho por olho, dente por dente”, convém notar
que o sentido exato dessa sentença punitiva só se entende como a responsabilidade da própria alma para
consigo mesma pois, se o conceito é draconiano, nada mais estabelece senão que qualquer ação boa ou
má, praticada pela alma, há de produzir-lhe uma reação ou efeito perfeitamente correspondente à sua
causa!
Todo aquele que pratica somente ações benéficas terá como inócua para si essa lei tão severa que,
semelhante à de que “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, também só diz respeito ao cuidado da
alma para consigo mesma, e não para com o próximo.
3. ATUAÇÃO DO CARMA SOBRE AS CRIATURAS
A Lei de Moisés, lei vingativa em que era lícita a desforra do “dente por dente, e olho por olho”, não
significa um princípio ou regra cármica, pois era apenas uma regra humana modelada para se conter um
povo cujo temperamento e entendimento espiritual ainda eram rudimentares, e nada mais concebiam do
que o mesmo pagamento igual delito!
A fim de controlar o primarismo brutal da época, em que as paixões e as violências humanas não podiam
ser disciplinadas pelas exortações religiosas de acenos do Paraíso, Moisés estabeleceu e decretou a lei do
“olho por olho e dente por dente”, procurando diminuir crimes e pilhagens ante o direito da vítima de
também punir o seu algoz ou desafeto, tanto quanto tenha sido o mal praticado.
Mas entre o princípio e o direito do homem ser o próprio justiceiro dos prejuízos sofridos, capaz de exorbitar
dessa concessão e punir um delito menor com outro crime mais cruel, justifica-se a Lei do Carma,
implacável, justa e impessoal, que, além de indenizar a vítima, corrige e redime o criminoso.
Sob a lei pessoal de “olho por olho e dente por dente”, o homem agraciado pelo direito de punir, pode
abusar da desforra ultrapassando sadicamente o montante do débito da cobrança; mas sob a Lei do Carma,
em sua função técnica e impessoal, a liquidação da dívida pregressa ainda proporciona investimentos
benfeitores para o futuro do próprio culpado!
A Lei do Carma não é bem a lei do “olho por olho e dente por dente”, como geralmente se entende, pela
qual um fato delituoso terá que gerar outro fato idêntico e pagável pelo culpado.
A solução do problema moral de cada alma é para consigo mesma e não para com a Lei, pois esta não cria
acontecimentos iguais aos anteriores para, através deles, se cumprir a punição!