11. Mediunidade e fenômenos mediúnicos 20
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Introdução ao estudo das obras de Ramatís - Estudo da mediunidade
Enquanto os fenômenos físicos dependem fundamentalmente da maior ou da menor cota de ectoplasma
produzido pelo médium a fim de permitir a materialização dos desencarnados no cenário físico, o médium
intuitivo é de alto nível espiritual, capaz de transmitir mensagens que ultrapassam a craveira comum da vida
humana. Embora não surpreenda, nem satisfaça os sentidos físicos com suas comunicações de caráter
puramente espiritual, ele pode traçar roteiros definitivos para o progresso sideral dos homens.
No primeiro caso, a mediunidade de fenômenos físicos se manifesta de modo espetacular ao operar no
mundo das formas, mas é acontecimento transitório que, embora a muitos convença da realidade espiritual,
nem sempre os converte para o reino amoroso do Cristo. No caso da intuição pura e elevada, o ser
descortina a realidade crística dos planos superiores, despreocupado de provar se a alma é imortal, pois
“sente” em si mesmo que a sua ventura lhe acena além das formas perecíveis do mundo fenomênico da
matéria.
A mediunidade de Francisco de Assis era para si mesmo a faculdade divina que o fazia deslumbrar a
paisagem do mundo angélico de Jesus, sem necessidade de qualquer demonstração espetacular e
fenomênica de materializações, levitações ou voz direta dos desencarnados. Em conseqüência, a
mediunidade intuitiva ou mais propriamente, a “mediunidade espiritual”, é faculdade superior a qualquer
outra mediunidade que ainda dependa da fenomenologia do mundo terreno e transitório, para então se
provar a realidade do espírito imortal.
Embora seja louvável a preocupação de muitos estudiosos do Espiritismo com a maior produção de
fenômenos mediúnicos destinados a convencer as criaturas sistematicamente incrédulas, a mais evolvida
mediunidade ainda é a Intuição Pura, porque auxilia o homem a relacionar-se diretamente com fonte real
de sua origem divina.
8. A TEOSOFIA FACE À MEDIUNIDADE
Baseados nas explicações de Helena P. Blavatski, é crença de todos os teosofistas que, em verdade, são
“cascões astrais” com certa inteligência instintiva, herdada após a morte dos seus donos, que se
comunicam nas sessões mediúnicas, em vez de espíritos desencarnados, conforme preceitua o Espiritismo.
No entanto, o próprio Coronel Olcott, um dos mais íntimos colaboradores de Blavatski, admitiu que ela havia
se equivocado.
Em razão disso, os teosofistas não aceitam a mediunidade, nem a comunicação dos espíritos, tal como
acontece com os espíritas, pois o seu modo de trabalhar é diferente. Eles se reúnem em grupos de estudo,
argüições e pesquisas de filosofia espiritual, e o fazem mais pela intuição, em vez de comunicações
mediúnicas diretas. É óbvio que também se relacionam com os espíritos desencarnados, embora o neguem
fazê-lo diretamente pelos recursos mais ostensivos da mediunidade. Todos os homens estão cercados de
espíritos desencarnados que os assistem, tentam, protegem, ajudam ou exploram, quer sejam teosofistas,
rosa-cruzes, yogas, espíritas ou católicos.
Os encarnados atraem espíritos de conformidade com suas idéias,
paixões ou intenções, pouco importando a sua crença ou religião.
Ninguém se livra de comunicações mediúnicas, conscientes ou inconscientes, boas ou más, quer seja
espírita, teosofista, yoga ou católico, apenas por rejeitá-las. De nada vale tentar resistir desde o início à
influência oculta dos desencarnados, pois estes espíritos “rodeiam os homens”, no dizer de Paulo de Tarso
em suas epístolas, e acionam as criaturas encarnadas de conformidade com a sua receptividade moral.
Que adianta o teosofista condenar o médium espírita, quando ele também é antena viva, capaz de
recepcionar os desencarnados, variando a qualidade dos comunicantes conforme o seu modo de agir e
pensar? Os teosofistas dizem que é contraproducente o exercício da mediunidade passiva, conforme
proclama a doutrina espírita, alegando que o médium, ao receber espíritos perturbados, torna-se vítima de
enfermidades orgânicas ou alienações mentais. O risco de fluidos enfermiços dos espíritos inferiores
provocarem transtornos nos médiuns depende do estado psíquico e das condições morais do próprio
médium.