13. Responsabilidade e riscos da mediunidade
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Introdução ao estudo das obras de Ramatís: Estudo da mediunidade
1. OBSTÁCULOS E VICISSITUDES NO SERVIÇO MEDIÚNICO
Geralmente, o médium é um espírito em débito com seu passado, e a faculdade mediúnica ajuda-o a
redimir-se, o mais cedo possível, no serviço espiritual em favor do próximo, lembrando uma pessoa
que, depois de arrependida de seus desatinos, passa a empreender atividades benfeitoras, a fim de
compensar o seu passado turbulento. Então, além de suas obrigações cotidianas, sacrifica o seu repouso
habitual e coopera nas iniciativas filantrópicas e nos movimentos fraternos, atende à parentela pobre, aos
amigos em dificuldades, aos presidiários e aos deserdados da sorte, funda instituições socorristas, participa
de agremiações educativas e auxilia sociedades de proteção aos animais. É obvio que, apesar dessas
atividades filantrópicas, os médiuns não se livram dos imperativos biológicos do seu corpo físico e a sua
faculdade mediúnica, longe de constituir-se privilégio, não os isenta das vicissitudes e das exigências
educativas da vida humana, pois a saúde ou a doença não dependem especificamente do fato de o
homem ser ou não médium de prova.
Malgrado o esforço socorrista elogiável e as atividades religiosas ou caritativas de muitos
médiuns, eles também estão submetidos ao trabalho comum e sujeitos igualmente ao instinto
animal e às tendências ancestrais da família terrena.
O espírito que já renasce na Terra comprometido com o serviço mediúnico, que o ajudará a reduzir o fardo
cármico do seu passado delituoso, deve cumprir o programa que ele mesmo aceitou no Espaço! Aliás,
quando o médium retorna ao Além, ele já se dá por muito satisfeito caso tenha desempenhado um mínimo
de dez por cento do programa a que se comprometeu e foi elaborado pelos seus mentores siderais. Deste
modo, o espírito que em vida anterior zelou pelo seu corpo físico e viveu existência sadia, sem vícios e
paixões deprimentes, obviamente há de merecer na vida atual um organismo sadio e de boa estirpe
biológica hereditária, que lhe permite gozar boa saúde; mas aquele que no passado esfrangalhou o seu
equipo carnal e o massacrou na turbulência viciosa, gastando-o na consecução dos apetites inferiores, terá
um corpo físico dotado de funções orgânicas precárias.
A mediunidade de prova é um ensejo, espécie de “aval” concedido pelo Alto ao homem demasiadamente
comprometido em suas existências anteriores, mas é do seu dever cumprir a tarefa mediúnica de modo
honesto, sublime e caritativo, cabendo-lhe a responsabilidade moral na boa ou má aplicação dos bens
cedidos pela magnanimidade dos seus guias.
O médium não é um missionário, na acepção exata da palavra, pois, salvo raras exceções, é um espírito
devedor, comprometido com o seu passado, e a sua faculdade mediúnica é um ensejo de reabilitação
concedido pelo Alto, no sentido de acelerar a sua evolução espiritual. Portanto, além de dar cumprimento
aos deveres inerentes à faculdade mediúnica, terá ele de enfrentar também as contingências que a vida
impõe a todos, pois os problemas que lhe dizem respeito só podem ser solucionados e vencidos mediante a
luta, e não pela indiferença ou preguiça, e nem pela ajuda dos seus guias, pois estes somente ajudam os
pupilos que fazem jus, pelo esforço próprio empreendido. Quando o médium se empenha em dar fiel
cumprimento à sua tarefa mediúnica e enfrenta as adversidades da vida com estoicismo e resignação,
sempre é assessorado no Astral por uma equipe de espíritos beneméritos, que o amparam a fim de tornar-
lhe mais fácil vencer os obstáculos da sua jornada.
É grande a responsabilidade do médium na função de “ponte viva” entre o setor invisível e o
mundo físico, pois, além de tratar-se de um encargo que ele mesmo aceitou antes de
reencarnar, a mediunidade é um ministério ou contribuição de esclarecimento destinada a
despertar e esclarecer as consciências, um serviço em favor da própria humanidade.
A função do médium assemelha-se à do carteiro que, embora seja a peça de menor destaque na
correspondência entre os homens, caso se recuse a cumprir a função de entregar as mensagens aos
destinatários, semelhante negligência constitui uma falta bastante grave. Em tais condições, desde que se
rebele contra a sua obrigação ou se escravize a vícios e paixões que prejudiquem e inutilizem a sua tarefa
mediúnica, então será vítima dos espíritos das sombras e, por sua culpa, enfraquecerá o serviço
libertador do Cristo.