15. Animismo e mistificação
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Introdução ao estudo das obras de Ramatís: Estudo da mediunidade
Evidentemente, uma boa garimpagem psicanalítica talvez pudesse sanear a mente complicada de muitos
médiuns, ajustando-os na sua função de intérpretes do Além. Sob tais condições, então predominam as
idéias fixas, os falsos messianismos, auto-exaltações, recalques, fobias e sublimações enganosas. Embora
esses médiuns sejam vítimas de sua própria exaltação psíquica, agindo sem má intenção, tornam-se
improdutivos e até semeiam prejuízos por confundirem o sensato com o ridículo, e o verdadeiro com o falso!
Sem dúvida, o método de psicanálise freudiano poderia ajudar esses médiuns quanto à drenagem de suas
próprias contradições e complexos, levados à conta de mediunidade.
Algumas criaturas inexperientes e até perturbadas, às vezes se transformam em missionários, dominados
pela preocupação febril de “salvar a humanidade”, e assim pontificam na seara espírita como doutrinadores
ou médiuns, expondo coisas ridículas à guisa de revelações de elevada sabedoria espiritual.
O médium anímico inculto, sugestionável, enfermiço ou moralmente falho é vítima passiva
das suas próprias idéias, das emersões da memória pregressa e das sugestões anímicas
medíocres.
Facilmente ele há de tomar por manifestação de espíritos desencarnados tudo aquilo que se potencializa à
superfície de sua mente e sob a influência de qualquer clima catalisador de animismo.
O ambiente de uma sessão mediúnica nos moldes espíritas é um clima adequado para favorecer a
associação de idéias, a emersão do subconsciente ou o ajuste das impressões do dia nas criaturas mais
sugestionáveis, que assim se confundem a ponto de se crerem mediunizadas pelos espíritos; ali tudo
converge para impulsionar, acelerar o conteúdo psicológico, a bagagem freudiana e os automatismos
incontroláveis do médium excessivamente anímico.
2. O MÉDIUM ANÍMICO-PURO OU PSEUDOMÉDIUM
É um pseudomédium, que não participa de fenômenos psíquicos, mas apenas os imagina, dominado pela
autossugestão, histeria, automatismo psicológico ou fantasia da mente deseducada; isto é, ele mesmo é o
autor exclusivo da comunicação, que atribui a um espírito desencarnado. Ele sugestiona-se para o transe
anímico já no ingresso à atmosfera tradicional do ambiente espiritista e o seu subconsciente excita-se à
meia-luz, pela abertura dos trabalhados, sob a leitura do Evangelho ou dos temas mediúnicos.
As instruções do doutrinador, o convite para os médiuns se concentrarem e receberem o guia ou os
sofredores, tudo isso funciona à guisa de um clima catalisador, que aciona inadvertidamente a maquinaria
psíquica da criatura ansiosa por ser médium e desafogar seus dramas e angústias íntimas, que
erroneamente a fizeram crer como sendo fruto da influência de espíritos sofredores. Além das condições
que aceleram a mente do médium anímico, ele pode dar largas à sua imaginação desenfreada, até pela
presença de algum espírito desencarnado, às vezes seu comparsa do passado, que por isso também se
ligou às próprias aflições morais e dores que o dominam durante o transe mediúnico.
A aproximação dos espíritos junto aos seres encarnados assinala-se por várias formas de pressentimento,
modificação do campo magnético ou sensações psíquicas estranhas, que também podem se enlear
facilmente com outros fenômenos próprios da vida física, confundindo-se a criatura anímica com o médium.
É muito difícil distinguir se um espírito está se comunicando ou se é o médium que se põe a
interferir animicamente, pois no entrosamento entre ambos se processa acentuada
oscilação vibratória, espécie de “focalização” e “desfocalização” alternadas, o que só é
passível de controle ou observação segura pelos espíritos desencarnados e competentes.
Entretanto o médium totalmente anímico pode se tornar um médium de comunicação dos espíritos
desencarnados, porque o animismo, como manifestação da alma do ser, também é sensibilidade
psíquica, que é o meio para a comunicação dos espíritos desencarnados.