16. Sono, sonhos e recordações do passado
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1º módulo: Introdução ao estudo das obras de Ramatís
Em alguns casos, as cúpulas de edifícios exóticos, as paisagens estranhas, os filmes históricos, as músicas,
canções, os vestuários ou os costumes pitorescos de outros povos atiçam reminiscências misteriosas na
alma desprevenida, despertando-lhe a memória astral e superativando-lhe a imaginação sensível.
Quantas vezes encontra-se com criaturas que concorrem por acordar lembranças ou reflexões estranhas,
sem que se possa descobrir os verdadeiros motivos que induzem o indivíduo a reconhecer, detrás daqueles
corpos diferentes, alguém que amou ou que então odiou alhures!
Há casos em que o homem maltrapilho, feio e rude, com quem se encontra pela primeira vez, consegue
despertar a simpatia que outro mais comunicativo e afidalgado não logra obter; sem dúvida, no primeiro
caso é possível que se esteja defrontando com o espírito amigo do querido progenitor ou filho do passado,
enquanto que no segundo caso, pode-se reconhecer no subjetivismo da alma o adversário ou algoz que
causou dolorosas atribulações e desesperos em vidas sucedidas anteriormente.
A sensibilidade psíquica para as evocações encarnatórias fica favorecida quando, através de
associações de imagens, sons, perfumes ou fatos semelhantes, ativa-se a imaginação pela
inesperada repercussão vibratória da memória astral do passado sobre a letargia do cérebro
carnal.
13. A PREOCUPAÇÃO DE SE CONHECER AS VIDAS PASSADAS
Alguns líderes espiritualistas desaconselham a preocupação de se pretender conhecer o passado
reencarnatório, por afirmarem ser de pouca valia para o espírito encarnado, sugerindo que se deva importar
unicamente com a vida presente e com o porvir, em lugar de se entregar a essas cogitações pregressas,
que roubam da criatura precioso tempo. Evidentemente, nenhuma utilidade prática traria para um atual
zelador de sanitários o fato de saber já ter sido requintado fidalgo no reinado de Luis XV!
De fato, não há muita necessidade de que a criatura evoque o passado para saber o que já tem sido
alhures, porquanto o fato de ela ser atualmente um zelador escravizado às tarefas anti-higiênicas bem
poderia demonstrar, com suficiência, que no pretérito houve de sua parte abuso de poder ou demasiada
exaltação pessoal.
Desde que a Lei determina que a colheita deva ser de conformidade com as próprias obras,
compreende-se que os efeitos da vida presente devem servir de base para se poder avaliar a
plantação feita na existência pretérita!
Em geral, na evocação do passado reencarnatório, as criaturas só se empolgam pela possibilidade de saber
que foram marqueses, condessas, faraós, reis ou imperadores, mas se esquecem de que tais títulos, que
representam tanto valor no mundo material, são de nenhum valor nas esferas da espiritualidade superior,
onde a lei sideral determina que “os humildes serão exaltados e os que se exaltam serão humilhados”.
Uma vez que no mundo dos espíritos só prevalecem os bens que a alma consolida em sua intimidade
espiritual, é de somenos importância o tipo de vestuário de carne que ela enverga em cada existência
humana porquanto, fora dessa sua realização interior, o resto é apenas “pó que retorna ao pó”.
Quando, após a desencarnação, a alma é obrigada a reconhecer que só as virtudes diplomam para as
regiões paradisíacas, arrepende-se de não haver preferido mil vezes o vestuário de estame, a pobreza e a
glória espiritual de um Francisco de Assis, às jóias, sedas e veludos que cobrem os corpos dos que passam
pelo mundo escravizados à animalidade inferior.
Entretanto, como a vaidade e o amor-próprio são os sentimentos mais resistentes para serem dominados
pelas almas, no aprendizado do mundo terreno, algumas criaturas sentem-se mais felizes no Astral por
terem sido desabusados aristocratas ou famosos aventureiros sem escrúpulos, no passado, em vez de
pobre criatura, mas dotada de qualidades cristãs.