18. Fenômenos de efeitos intelectuais
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Introdução ao estudo das obras de Ramatís: Estudo da mediunidade
Embora esse inopinado recurso do guia constranja e atemorize o médium, pouco a pouco ele adquire o
treino preciso para prelecionar “de improviso” e compensar o vazio das idéias que compõem a sua
comunicação mediúnica, não demorando a ser elemento útil e capaz de atender, a qualquer momento, à
necessidade de orientar e servir ao próximo. Nesse caso, não se processa propriamente a interferência
anímica do médium intuitivo durante esses hiatos provocados pelos espíritos comunicantes, obrigando-o
então a agir pelo seu “puro animismo” num sentido prejudicial, mas, na realidade, o que se evidencia ao
público é a bagagem intelectual, o temperamento psíquico e moral do próprio médium, que então “fala
sozinho”. Ele fica entregue provisoriamente a si mesmo, sem poder fugir ao impulso da comunicação, tanto
quanto o escolar que é argüido em época de exames.
O médium intuitivo precisa socorrer-se de suas próprias concepções filosóficas, morais e espirituais, para
preencher sozinho os intervalos propositais criados pelo espírito comunicante. É verdadeiramente um
“teste” a que ele se submete sob orientações espirituais proveitosas, em que deverá comprovar o que já
assimilou, até aquele momento, das leituras doutrinárias, qual o seu índice filosófico de julgamento e
apreciação da vida humana, e a sua capacidade de orientar o próximo entre as paixões animais.
Certas vezes, as comunicações mediúnicas intuitivas podem ser truncadas propositadamente pelos
orientadores do médium, a fim de comprovar o seu grau de segurança e saber como se portaria em caso de
interferência, intromissão ou mistifórios de entidades mal intencionadas que, por vezes, se infiltram entre os
sensitivos invigilantes à guisa de mentores espirituais. Sob tal processo de pedagogia espiritual, o médium
encoraja-se e não tarda a esposar pessoalmente, nas suas relações cotidianas, o conteúdo espiritista e a
sugestão evangélica que assimilou obrigatoriamente sob o treino hábil do seu guia. Isso ainda mais o anima
para o estudo, ajuda-o a desenvolver o senso de crítica superior e de argumentação junto aos amigos, e o
fortalece definitivamente para a defesa dos postulados do Espiritismo.
4. INTUIÇÃO
A espécie mais elevada de mediunidade é, sem dúvida, a Intuição Pura; embora não seja um fenômeno
atestável espetacularmente no mundo exterior da matéria, é a mais sublime faculdade oriunda de elevada
sensibilidade espiritual.
A Intuição Pura é, por excelência, a mediunidade natural e definitiva, espécie de percepção panorâmica,
que se afina tanto quanto o espírito mais se ajusta nas suas relações e inspirações das esferas mais altas
para a matéria.
A Intuição Pura é o recurso ou meio que une a alma encarnada diretamente à Mente Divina
que a criou, facultando-lhe transferir para a matéria o verdadeiro sentido e entendimento da
vida espiritual superior.
Uma vez que a mediunidade não é, propriamente, uma faculdade característica do organismo carnal, mas o
recurso sublime para fluir e difundir-se o esclarecimento espiritual entre os homens, ela tanto mais se refina
e se exalta quanto mais o seu portador também se devote ao intercâmbio superior do espírito imortal.
A intuição, como ato de perceber as verdades de forma clara, reta e imediata, sem necessidade do
raciocínio, é, pois, o estágio mais elevado do espírito; é o corolário de sua escalonada desde o curso
primitivo do instinto até a razão angélica.
Enquanto o homem for mais dominado pela razão, também será mais governado pelas forças rígidas do
intelecto, escravo do mundo de formas e submetido às leis coercivas da vida física; só a Intuição Pura dá-
lhe a percepção interior da realidade cósmica, ou lhe permite a concepção panorâmica do Universo.
A intuição pura é divina lente, ampliando a visão humana para descortinar a sublimidade da
vida imortal; na verdade, é a faculdade inconfundível que “religa” a criatura ao seu Criador!