2. Deus _______________________________ _________________________ ___________________
7
.
Introdução ao estudo das obras de Ramatís
Somente crer em Deus não é a vivência em Deus; não é propriamente achá-Lo !
A crença, de per si, não é uma auto-realização, não proporciona o autêntico encontro de Deus, mas apenas
uma simples projeção do próprio indivíduo no desconhecido. A simples crença traz em si uma recompensa
extramaterial, constituindo um verdadeiro mercado de redenção espiritual, onde os crentes investem na
expectativa dos dividendos da Divindade, pois têm na crença um motivo para viverem mais confiantes e
esperançosos, pretensamente garantindo a salvação, caso exista alguma coisa além e após a morte do
corpo físico.
As religiões organizadas ficam repletas de crentes que cultuam certos postulados afins a uma idéia
específica de Deus, condicionados a uma crença sistemática e padronizada, sem entretanto, modificarem o
seu “eu interior” e sem incorporarem os valores incomuns do “EU superior” divino, que é conquista
individual através do estudo, pela abnegação, serviço ao próximo e, sobretudo, ação independente de
qualquer interesse egoísta.
Pouco adianta o homem crer em Deus e não desenvolver em si mesmo os atributos divinos que possui
latentes no âmago do seu próprio espírito, pois somente a ativação em si mesmo dos princípios que
sintetizam o Amor, a Sabedoria e o Equilíbrio infinitos é que fará a criatura conseguir maior proximidade
com o Criador.
A crença puramente intelectual e especulativa torna-se atributo dispensável,
caso não modifique a maneira de agir e sentir do homem !
Embora o intelecto planeje através do poder mental, o centro psíquico que sublima e sensibiliza o ser é a
afetividade, que vitaliza o crescimento divino através do Amor! A crença em Deus é de pouca significação
no homem que não desenvolve em si próprio os valores críticos, mesmo que venha contribuindo
financeiramente com obras religiosas e caritativas, geralmente por medo de perder o Céu! Muitos são
aqueles que crêem veementemente em Deus, freqüentam instituições religiosas, mas vivem de maneira tão
censurável que desmentem frontalmente a posse dos atributos do mesmo Criador em que eles crêem
acreditar.
A descrença em Deus não é atestado de inteligência incomum, mas apenas fruto da excessiva escravidão
aos sentidos físicos do homem transitório, e conseqüência da ignorância humana de não saber que o
Criador permanece integrado na sua obra, podendo ser “sentido” pelas suas criaturas. Isso ocorre
quando o intelecto orgulhoso da personalidade humana transitória se sobrepõe à intuição do espírito
imortal, dinamizado pelo cientificismo querelante, sentindo-se humilhado em fazer concessões a uma
Realidade Divina, além de si mesmo.
O estágio nos mundos físicos tem somente a função restrita de despertar os valores psíquicos do cidadão
espiritual, mas impossível de lhe comunicar a Realidade Divina. O homem que ainda não se conhece a si
próprio, infeliz vítima dos vícios e das paixões da coação animal, jamais deve se orgulhar de negar Deus,
que criou o Universo.
A crença em Deus pode ser enfermiça e devastadora, quando contraria e desmente os próprios atributos da
Divindade, pelos crentes que ainda cultuam o ódio, a ignorância, a maldade e a injustiça, que são opostos
aos valores divinos do Amor, Sabedoria, Bondade e Justiça, ou seja, ainda cultuam as manifestações
normais da natureza inferior humana, em face de ignorarem a existência das leis divinas que regem o
Cosmo e que são emanadas do Ser Supremo.
O crente que age de modo censurável e repelente nega a sua assimilação a qualquer postulado religioso de
aspecto divino, e com isso demonstra o seu atraso espiritual. É necessário que o homem creia para se
renovar, para se higienizar espiritualmente, para se aperceber do divino e para atender ao impulso íntimo de
comunhão com Deus na busca de ascese angélica, mas é ignomínia toda crença que divide os homens, e
se transforma em atos censuráveis que desmentem frontalmente os valores autênticos da espiritualidade
ante o predomínio dos instintos inferiores da animalidade.