1. Ramatís e sua obra
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Afirmava ele, então, que os objetos da percepção sensível, ou seja, aqueles do mundo físico, acessíveis
através dos sentidos humanos, não são verdadeiramente reais, apenas ilusórios; já os objetos do
pensamento (os números ideais) são a única realidade, e as coisas sensíveis são apenas seu reflexo;
somente deles é que se pode obter um conhecimento certo.
Para Platão, as realidades mais elevadas são os conceitos matemáticos e as idéias de beleza, bondade e
justiça, que existem como formas ou arquétipos de um mundo transcendente, cuja forma suprema é o Bem
(Deus). Ele pregava que a alma humana é imortal, purificando-se através de sucessivas existências e, se o
pensamento alcança a idéia suprema do Bem, é porque nele se opera a reminiscência de uma vida anterior
da alma. A ambição suprema é poder voltar àquele mundo onde as formas podem ser vistas em toda sua
indescritível beleza.
Seus ensinamentos buscavam acentuar a consciência do dever, a auto-reflexão, e mostravam tendências
nítidas de espiritualizar a vida, em cujo convite incluía-se o cultivo da música, da matemática e da
astronomia, pois concluiu pela existência de uma Ordem Superior dominante no Cosmo, ao observar
atentamente o deslocamento dos astros.
A literatura esotérica conta que, após a morte de Sócrates, Platão viajou pela Ásia Menor e daí até o Egito,
onde se iniciou nos cultos misteriosóficos de Ísis, atingindo o terceiro grau, que lhe conferiu a perfeita
lucidez intelectual e a realeza da inteligência sobre a alma e sobre o corpo.
Mais tarde, ao tempo de Jesus de Nazaré, Ramatís reencarnou na figura do conhecido filósofo neoplatônico
egípcio, de cultura grega mas de origem judaica, Fílon de Alexandria, também conhecido por Fílon, o
Judeu (entre 20–10 a.C. e 50 d.C.), responsável pela famosa Biblioteca de Alexandria.
Profundamente versado tanto em ciência grega como em judaísmo, teve então influência dos filósofos
estóicos, pitagóricos e platônicos, defendendo em suas obras a tese da absoluta transcendência de Deus
com relação ao mundo e a idéia da transmigração das almas.
Enquanto Fílon, Ramatís tornou-se especialista em Cabala judaica, e muitas de suas obras da época
destinaram-se a explicar o judaísmo a leitores pagãos, sustentando que os filósofos gregos deviam a
Moisés algumas de suas idéias fundamentais. Ele distinguiu-se na tarefa de sistematizar a interpretação dos
documentos religiosos por meio de doutrinas científicas, tendo elaborado um método alegórico de
interpretação, que aplicou ao Antigo Testamento.
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Introdução ao estudo das obras de Ramatís