11. Mediunidade e fenômenos mediúnicos 15
.
Introdução ao estudo das obras de Ramatís - Estudo da mediunidade
Não há dúvida de que se trata de uma disposição sadia, meritória e sensata em relação ao mediunismo,
mas nesse campo o Espiritismo revela-se movimento popular e de amplitude geral, destinado a todos os
homens. Muito antes de atender somente àqueles que já se colocam no “Caminho da Verdade”, ele se
destina a amparar principalmente os homens incrédulos, desajustados e torturados pela eclosão de sua
mediunidade de prova.
O despertamento da faculdade mediúnica nos médiuns de prova exige cuidados urgentes e
roteiro seguro, a fim de se evitar o fracasso do programa delineado pelos mentores no Astral.
A manifestação mediúnica não depende da crença ou poderio religioso, nem de convicções pessoais do
homem ou do ambiente onde vive, mas é conseqüência inalterável do compromisso que o espírito assumiu
antes de se reencarnar, cujo mandato ele requereu em seu próprio benefício e deve ser cumprido na hora
aprazada.
Quer então seja ateu, participe do ambiente espírita, devote-se a qualquer seita religiosa ou tenha se
comprometido com alguma instituição iniciática, a faculdade mediúnica de “prova” eclode no momento exato
em que se deve realmente iniciar a sua tarefa sacrificial.
Ignoram muitos teósofos, esoteristas, rosa-cruzes e alguns outros fraternistas filiados a cursos iniciáticos
que, embora se deva louvar o método ideal de o homem desenvolver conscientemente suas faculdades
ocultas, independentemente do intercâmbio espiritual sadio com as almas superiores, desde que reencarne
na matéria comprometido em exercer a “mediunidade de prova”, tem ele que se submeter ao processo
gradativo e disciplinado pela técnica espírita de desenvolvimento, preconizada por Allan Kardec. No
entanto, os homens que, devido ao seu elevado aprimoramento espiritual, são médiuns naturais, já
usufruindo o dom espontâneo da intuição pura, é fora de dúvida que sempre apresentarão as condições
psíquicas incomuns e satisfatórias para lograrem graduação destacada em qualquer doutrina ou
instituição iniciática, sem precisar exercer a função passiva de médium em serviço com os espíritos do
astral inferior.
Já aqueles que, em vidas pretéritas, abusaram do seu comando mental e serviram-se de sua inteligência
lúcida para tripudiar sobre os menos agraciados pela sorte, que pela cupidez, egoísmo, avareza ou calúnia
usufruíram os bens alheios, semeando prejuízos irreparáveis, hão de cumprir o seu mandato mediúnico
na condição humilhante de ceder sua organização carnal para que velhos adversários, comparsas ou
vítimas do passado possam reajustar-se mais brevemente aos preceitos do Cristo.
2.1 ESPIRITISMO x MEDIUNISMO
É conveniente, de início, distinguir-se o que é Espiritismo e o que significa Mediunismo. Espiritismo é
doutrina disciplinada por um conjunto de leis, princípios e regras, que tanto orientam as relações entre os
espíritos encarnados e os desencarnados, como também promove a renovação filosófica e moral dos seus
adeptos. No entanto, a faculdade mediúnica pode existir independentemente de a criatura ser espírita ou
mesmo indiferente aos fenômenos mediúnicos.
Há médiuns que operam em vários setores espiritualistas, mas não aceitam nenhum dos postulados
básicos do Espiritismo, assim como também existem espíritas que são alérgicos às sessões mediúnicas e
se interessam exclusivamente pelo conteúdo filosófico da doutrina.
Aliás, muitas vezes é preferível admitir unicamente os conceitos lógicos e sensatos com que Allan Kardec
integrou a codificação espírita, antes mesmo de se buscarem provas e coligirem os princípios doutrinários
do Espiritismo por intermédio de alguns médiuns manhosos, tolos, anímicos e preguiçosos, que nem
sempre mantém conduta regular no mundo profano.
Só pelo fato de se verificar a atuação de espíritos em qualquer gênero de trabalhos mediúnicos, não se
infere disso que ali se pratique Espiritismo. A Doutrina Espírita só é realmente confirmada em sua prática
quando, independentemente dos fenômenos mediúnicos, os seus adeptos aceitam e cultuam as suas
regras e os seus princípios morais elevados no trato da vida material.