11. Mediunidade e fenômenos mediúnicos                                                                                                 22 

                                                                                                                                                                            

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Introdução ao estudo das obras de Ramatís - Estudo da mediunidade  

Os teosofistas afirmam que o médium espírita é prejudicado pela sua passividade perigosa às entidades 
sofredoras ou malévolas, e que os médiuns que se desenvolvem junto à mesa espírita ou nos terreiros de 
Umbanda, não passam de “bengalas vivas”, submissas à vontade boa ou má dos desencarnados. 
Indubitavelmente há certo exagero nessa conceituação, pois as criaturas de má qualidade espiritual, 
embora não sejam médiuns espíritas ou “cavalos” de Umbanda, também na passam de “bengalas vivas” de 
espíritos malfeitores, ainda que invoquem as suas credenciais de teosofistas! O homem não consegue fugir 
do contato com o mundo invisível, nem se livrar facilmente da horda de almas sedentas de prazer, de 
vingança e de paixão, que se debruçam avidamente sobre a humanidade. 
 
Não é o homem que busca a sensibilidade mediúnica; esta, porém, é que surge em sua vida, malgrado 
qualquer descrença ou rebeldia aos postulados espiritistas ou umbandistas. Nem a Teosofia, mormente a 
sua aversão à mediunidade ostensiva, poderá resguardar seus adeptos da possibilidade de serem 
“bengalas vivas” dos desencarnados! 
 

 

Não é a doutrina, crença ou religião, a simpatia ou participação em confrarias iniciáticas que 

imunizam o homem dos maus espíritos, porém essa defesa depende exclusivamente de sua 

conduta moral. 

 

 

Os teosofistas afirmam que a libertação espiritual só é possível através da “autotransformação” ou 
“autoconhecimento”, e não pela prática mediúnica. Inegavelmente, é o aprimoramento iniciático 
espiritual, a abdicação consciente das ilusões da vida carnal, ou o treino mental de libertação dos 
instintos inferiores, o que realmente gradua o espírito para sua ascese angélica. 
 
Enquanto as confrarias iniciáticas do passado resguardavam os valores do espírito somente aos eleitos, o 
Espiritismo, embora seja doutrina vulgarizando os segredos iniciáticos à luz do dia, é a clareira que se abre 
na escuridão do ceticismo humano, para mostrar a todos os homens a estrada larga da vida imortal. Não 
importa se os ensinamentos e segredos das confrarias iniciáticas foram vulgarizados pelo Espiritismo e 
traído o sigilo dos templos, mas a verdade é que o Alto assim proporciona os recursos de salvação para 
todos os homens! Então, salve-se quem quiser, mas o Senhor tudo fez para “não se perder uma só ovelha!” 
 
As velhas escolas espiritualistas só puderam iniciar os homens que já revelavam qualidades ou tendências 
para o conhecimento superior. Admitiam exclusivamente os discípulos de capacidade psíquica e 
adestramento mental que já pudessem corresponder aos “testes” severos e às argüições complexas 
exigidas pelos Mestres dessas confrarias. Os candidatos eram selecionados através de provas que lhes 
identificavam as qualidades superiores, mas os céticos, os curiosos e os menos aquinhoados em 
espiritualidade, isto é, os que mais precisavam de esclarecimentos espirituais, esses ficavam à 
margem, reprovados pela sua insuficiência! Enfim, eram admitidos os mais esclarecidos e desaprovados os 
mais necessitados. Por isso, o Alto então optou pela prática mediúnica, embora reconhecesse tratar-se de 
um evento ainda imaturo para os homens escravos das paixões inferiores, aguilhoados aos postulados 
separativistas de pátria, raça e religiões, que servem de combustível às guerras fratricidas. 
 
É verdade que as confrarias iniciáticas do passado proibiam o desenvolvimento da faculdade mediúnica 
passiva, assim como o “sujet” se deixa hipnotizar à vontade estranha de outrem. Os seus adeptos não 
deviam se submeter ao comando do mundo oculto e à interferência mental de qualquer outro ser fora da 
influência dos seus mestres e guias consagrados. 
 
Antigamente sustentava-se que o desenvolvimento das forças ocultas, latentes em todos os homens, só 
devia ser tentado depois do aprimoramento moral e discernimento mental do discípulo sobre as coisas do 
mundo. Nos templos iniciáticos ocultistas, ensinava-se que o metabolismo psicofísico do homem dependia 
fundamentalmente do seu nível espiritual. 
 
O perispírito, o controle dos chacras ou centros de forças etéreas eram objetos de estudos meticulosos. 
Exigia-se a disciplina sexual, pois o fluido que circula pela coluna vertebral em coesão com o “fogo 
serpentino” dos eflúvios telúricos da Terra, a energia kundalini, fertiliza a mente quando é endereçado para 
fins superiores, e dispensado do mecanismo sexual. O discípulo era vegetariano e frugal em sua 
alimentação; dominava os vícios e superava os desejos inferiores. Mesmo assediado pela dor, era avesso a 
entorpecentes, mas habituado à oração e às invocações sublimes.