13. Responsabilidade e riscos da mediunidade
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Introdução ao estudo das obras de Ramatís: Estudo da mediunidade
Em especial, a mediunidade de fenômenos físicos é um serviço incomum, difícil e perigoso,
cujos óbices vultosos e surpresas exigem o máximo de prudência, humildade, e segurança
moral.
O médium, antes de encarnar-se, sabe disso e se depois vem a comerciar com os bens espirituais e
fracassar no desempenho contraditório de sua função elevada, tal fato não pode ser creditado ao Alto, que
só lhe proporcionou o ensejo redentor. A culpa, evidentemente, cabe ao próprio fracassado ante a sua
imprudência em aceitar tarefas mediúnicas acima de sua capacidade normal de resistência espiritual.
As oportunidades mediúnicas redentoras são concedidas aos espíritos faltosos, mas quanto
à responsabilidade do êxito ou fracasso, somente a eles deve ser atribuída, pois é o médium
quem produz as próprias condições gravosas ou ditosas no desempenho de sua tarefa
mediúnica.
A mediunidade de prova não se refere propriamente à concessão de faculdades mediúnicas prematuras ou
poderes concedidos extemporaneamente, pelos mentores da Terra, aos homens imaturos ou que ainda não
se encontram espiritualmente seguros de cumpri-las. Às vezes, estes não passam de antigos magos que
dominavam facilmente as forças ocultas, exerciam o fascínio sobre os elementais e usavam de hipnose
para fins interesseiros, tal como no caso de Rasputin, que se aproveitou dos seus objetivos torpes, como
instrumento vil das trevas. Quando tais espíritos retornam à carne para tentar a sua renovação espiritual
manejando os mesmos poderes que desvirtuaram no passado, mas sob a promessa de só os
empregar a favor do Bem, nem sempre logram sustentar por muito tempo o tom espiritual elevado que
lhes é requerido pelos mentores siderais.
O coração atrofiado e a mente aguçada pela vontade poderosa, que é exercitada em vidas anteriores,
traem esses espíritos no trabalho mediúnico do Bem, caso não se curvem humildes e desde o princípio de
sua tarefa sob os postulados redentores do Cristo. Quando os responsáveis pelo progresso do orbe
verificam a inutilidade de conservá-los no serviço ativo da seara, vêem-se obrigados a alijá-los de
qualquer modo, a fim de que cessem os graves prejuízos decorrentes de sua atividade descontrolada. Mas
Deus sempre concede a oportunidade de renovação moral e do trabalho digno a todos os seus filhos, e a
prova mais evidente disso é que aqueles que presentemente já esposam princípios espirituais dignos e
superiores devem isso à bondade divina, que tolerou as suas iniqüidades do pretérito, concedendo-lhes
também a graça do serviço redentor tantas vezes quantas foram os seus equívocos.
Em verdade, os pecadores são justamente aqueles que mais precisam de Amor, tanto quanto os enfermos
necessitam do médico. Desde que do lodo pode surgir o lírio imaculado, é óbvio que dos lábios dos homens
impuros também é possível nascerem a esperança e o roteiro para os seres desarvorados na estrada da
vida humana. E se Deus, o Criador do Universo, que deveria exigir do homem o máximo de submissão e
acatamento aos objetivos sublimes de Sua Obra, multiplica os ensejos de sua mais breve redenção
espiritual, sem dúvida, a sua criatura não tem o direito de odiar, maltratar, roubar, e execrar o seu próprio
irmão de destino sideral. Eis porque motivo o grande sucesso de todo médium, fenomênico ou intuitivo,
ainda se fundamenta num único compromisso incondicional: cultuar sua mediunidade com o Cristo e
tornar-se um trabalhador ativo na seara do Mestre.
Não basta ver, ouvir e sentir espíritos em seu plano invisível. O médium, em qualquer hipótese, deve ser o
homem que, além de contribuir para a divulgação da imortalidade do espírito na Terra, é cidadão
comprometido pelos deveres comuns junto à sua coletividade encarnada, onde só a bondade, o amor, o
afeto, a renúncia e o perdão incessante podem livrá-lo das algemas do astral inferior.
Considerando que a faculdade mediúnica de “prova” ou de “obrigação” é sempre o acréscimo que o Alto
concede ao espírito endividado para conseguir a sua reabilitação espiritual, sob hipótese alguma deve ela
ser negociada ou vilipendiada. É o serviço de confiança que o médium exerce em favor alheio, sem deixar
de cumprir todas as suas obrigações para com a família, a sociedade e os poderes públicos. Os mentores
siderais não lhe exigem o sacrifício econômico da família, a negligência educativa da prole, o descuido com
as necessidades justas da parentela, para só atender indiscriminadamente ao exercício da sua faculdade.