14. O médium de mesa e o médium de terreiro                                                                                         

                                                                                                                                                                            

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Introdução ao estudo das obras de Ramatís: Estudo da mediunidade 

 
O médium kardecista é mais propriamente um “procurador” ou “representante” dos espíritos, 
mas sempre vigilante ante o perigo de fascinação ou obsessão por descuido, fanatismo ou 
conduta desregrada. 
 

 

Mas os espíritos desencarnados que atuam em candomblés, macumbas ou atualmente em Umbanda, 
chamam de cavalos os seus médiuns, por que deles exigem a abdicação de personalidade, cultura, 
temperamento, linguagem correta e preocupação de oratória

 

 
O médium de terreiro, como o cavalo domesticado, deve ser dócil e submisso à vontade do 
seu dono, sem protesto e nem negaças. 
 

 

Embora possa ser culto ou excelente orador, o médium de terreiro fala arrevesado e limita-se à filosofia 
doméstica, miúda e popular dos pretos velhos; malgrado o seu prestígio no mundo profano, seu curso 
acadêmico ou graduação superior, há de ser humilde, comunicativo e tolerante, capaz de atender 
seriamente às solicitações mais tolas ou criticáveis. 
 

TIPO 

ATUAÇÃO CARACTERÍSTICA 

 MÉDIUNS DE MESA 

devem manter o controle espiritual e mental, sem perder o domínio de sua 
individualidade, a fim de evitar a infiltração perigosa dos espíritos 
malfeitores. 

 CAVALOS DE TERREIRO 

obedecem cegamente às entidades que incorporam e lhes correspondem 
quanto à linguagem truncada, às configurações peculiares, aos cacoetes e 
costumes, além de fumarem, beberem cachaça, vinho ou cerveja. 

 
Enquanto a Umbanda aperfeiçoa a prática mediúnica no campo do fenômeno e favorece a reprodução 
plástica mais fiel dos espíritos através da passividade e versatilidade dos cavalos, o Espiritismo doutrina os 
homens para a sua libertação definitiva das formas do mundo transitório da carne. Malgrado a aparência de 
ambas se contradizerem, a Umbanda “ajusta o vaso” e o Espiritismo “asseia o líquido”; a Umbanda 
“aprimora a lâmpada” e o Espiritismo ”apura a chama!” 
 

 
Enquanto o Espiritismo restringe os fenômenos mediúnicos em sua manifestação 
propriamente física, a Umbanda deve assegurar plena liberdade de ação dos espíritos 
comunicantes sobre os cavalos. 
 

 

No entanto, considerando a questão sobre se o trabalho mediúnico de “mesa” é superior ao trabalho 
mediúnico de “terreiro”, ou vice-versa, o mais importante em ambos os casos, ainda é a qualidade 
espiritual
 daqueles que operam neste ou naquele setor de intercâmbio com os desencarnados. A presença 
de espíritos inferiores não depende do gênero de trabalho mediúnico, nem do tipo de doutrina espiritualista, 
mas exclusivamente da conduta, do critério moral dos seus componentes e adeptos. 
 
A Umbanda, pelas características que lhe são próprias, é doutrina mais apegada aos fenômenos materiais, 
pois o seu principal metabolismo de vida é justamente baseado sobre as forças grosseiras da Natureza. 
Vale-se de arsenal que lhe constitui o culto religioso atual e lhe faz conexão com os espíritos primários da 
Natureza, diferenciando-se por isso do Espiritismo, cuja atividade é feita mais propriamente no plano 
mental

 
Enquanto a Umbanda opera nos desvãos nauseantes do subsolo astralino, no foco convergente das forças 
violentas e selváticas da criação inferior, o Espiritismo não mexe com “formigueiros” tão perigosos, pois a 
sua atividade no plano mental é menos acessível à investida agressiva dos magos das sombras.