18. Fenômenos de efeitos intelectuais
9
_
Introdução ao estudo das obras de Ramatís: Estudo da mediunidade
No momento em que está transmitindo ao médium os seus pensamentos, dirigindo-se ao seu espírito, a
escrita psicográfica é comandada pelo próprio espírito deste, através de uma aguçada percepção
psíquica, após perceber-lhe os pensamentos.
Não é o desencarnado que movimenta as mãos e braços do médium na ação da escrita ou da datilografia;
quem realmente escreve é o próprio médium, que lhe recebe o pensamento através do seu próprio
perispírito e, em seguida, transfere para o seu cérebro físico, vestindo então as idéias que lhe foram
transmitidas com os vocábulos que lhe forem mais familiares.
O médium de psicografia intuitiva compõe com os seus próprios recursos vocabulares o
texto que lhe foi passado mentalmente, expressão do conjunto de pensamentos do espírito
comunicante.
Portanto, o médium intuitivo, ao receber os pensamentos do Além, precisa transmiti-los aos encarnados
com seu próprio vocabulário familiar, pois os recebe através de seu espírito, e é este que deve dar-lhes
redação, cuja clareza, lógica e sensatez dependerão da sua capacidade receptiva e a da sua facilidade de
escrever.
Quanto maior for o cabedal de conhecimentos do médium intuitivo, e o seu desembaraço no
falar ou no escrever, tanto maior será a fidelidade das comunicações que vier a receber dos
espíritos.
À medida que o sensitivo amplia o seu arquivo de conhecimentos e também o seu vocabulário, os
desencarnados podem transmitir por seu intermédio as mensagens de modo mais claro e minucioso,
tratando de coisas mais importantes e fazendo-se melhor compreendidos. Assim, pela via intuitiva, os
espíritos não lograrão êxito na transmissão de suas mensagens utilizando-se de um médium inculto. O êxito
das comunicações intuitivas relevantes depende, pois, de procederem de um espírito com conhecimentos
seguros e que possa se ajustar a um médium de intelecto desenvolvido e de sentimentos elevados.
O médium intuitivo, embora escreva ou fale sob a ação dos espíritos desencarnados,
dificilmente identifica-lhes a natureza espiritual, porque é atuado de modo essencialmente
inspirativo.
Embora seja dificílimo distinguir os espíritos comunicantes através do seu estilo propriamente dito, o
médium intuitivo estudioso e sensato pode distinguir algo do seu caráter, temperamento ou
condicionamento psicológico; há sempre um tom espiritual que particulariza a individualidade dos
desencarnados. Para que o médium possa passar a distinguir, embora de leve, a identidade de cada
espírito que por ele se comunica pela via intuitiva, deve buscar manter-se em estreita ligação psíquica
com o comunicante e absorver-lhe, pouco a pouco, o estilo e a índole psicológica.
O médium intuitivo requer treinamento por longo tempo, sob assídua assistência do espírito comunicante,
até que possa assenhorar-se de alguns traços de sua personalidade humana, sua contextura psicológica, o
seu modo de pensar e de chegar a conclusões, de modo que o desencarnado possa transpor a sua própria
personalidade ao sensitivo, e estereotipar nele, com nitidez, o seu tipo espiritual exato. Esse é um dos
motivos pelos quais a maioria dos médiuns intuitivos não oferece distinções de identidade nos seus ensinos
mediúnicos, que se tornam, então, muito semelhantes entre si, embora se multiplique a variedade de
assinaturas dos comunicantes.
Na verdade não há muito proveito no médium intuitivo que escreve, de modo ininterrupto, sobre um mesmo
assunto e num estilo único, incontável número de mensagens, com centenas de assinaturas diferentes,
atribuídas a vários espíritos desencarnados, que certamente variam grandemente em psiquismo e
inteligência quando, deixados de lado esses nomes tão diferentes, o conteúdo e o estilo são idênticos entre
si e só refletem a personalidade do próprio médium.