18. Fenômenos de efeitos intelectuais
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Introdução ao estudo das obras de Ramatís: Estudo da mediunidade
Sendo o homem encarnado um espírito imortal, quanto mais se expande a centelha espiritual que há na
intimidade do seu ser, maior porção também ele abrangerá da realidade do próprio Criador. Nesse sentido,
o apuro moral do espírito lhe faculta uma participação mais intensa na vida oculta, enquanto o seu
aprimoramento mental lhe permite julgar com eficiência e exatidão aquilo que proveitosamente lhe facilita
o poder do sentimento cristificado.
Embora o médium intuitivo não possa ver ou ouvir os assuntos que o espírito desencarnado esteja lhe
comunicando, ele os sente profundamente em sua própria intimidade perispiritual; depois os reúne, à
força de sua inspiração intelectiva, e coordena a exposição para o mundo exterior. Em conseqüência, o
médium intuitivo se vê obrigado a recepcionar apenas “parte” da realidade espiritual do mundo extrafísico,
cabendo-lhe compensar a deficiência com as sugestões e as imagens terrenas que lhe são conhecidas,
ajustando-as de modo comparativo ao que pressupõe ser a fenomenologia astral. Ele também pode
mobilizar todos os seus esforços de memorização espiritual, na tentativa de evocar as lembranças dos seus
estágios já vividos no mundo astral, durante os períodos em que manteve desencarnado, nos intervalos de
suas anteriores encarnações, a fim de tornar coerentes os relatos recebidos do Além.
O médium intuitivo por vezes sente-se sozinho durante a sua comunicação mediúnica, notando que lhe foge
o pensamento do espírito comunicante, que parece abandoná-lo, pois subitamente interrompe-se-lhe o
curso das idéias que lhe fluíam espontaneamente pelo cérebro, sem que ele possa cogitar do seu desfecho.
Isso ocorre sempre que entre o médium e o espírito se processam desajustes em matéria de
conhecimentos, formando-se hiatos na mensagem mediúnica, pois quando, durante a transmissão
mediúnica, as idéias, os pensamentos, a índole e os conhecimentos do médium intuitivo coincidem com o
assunto que o espírito inspira, ele o transmite com segurança, enche-se de entusiasmo e se torna
eloqüente, porque expõe aquilo que já lhe é familiar. Por isso, ele deve manter-se em condições de poder
atender ao apelo do Alto, transformando-se num instrumento mediúnico flexível, culto e desembaraçado,
pronto a transmitir aos encarnados a mensagem com o melhor proveito espiritual.
O médium intuitivo sensato, estudioso e serviçal, compreende que não é bastante se submeter ao transe
mediúnico junto à mesa espírita, nas noites programadas, para cumprir satisfatoriamente o seu mandato,
pois, mesmo em estado de vigília e sob o inteligente treinamento do seu guia, ele pode recepcionar as
mensagens de favorecimento ao próximo, transmitindo o conselho, a sugestão e a orientação espiritual
mais certa. Daí, também, a intermitência que por vezes ocorre na comunicação do médium, visto que em
certo momento os seus guias ou protetores o deixam “falar sozinho”, por assim dizer, obrigando-o dessa
forma a mobilizar urgentemente os seus próprios recursos intelectuais e apurar o mecanismo da mente, a
fim de não decepcionar os presentes.
Sob a direção e o controle do guia do médium, os espíritos comunicantes suspendem então o fluxo das
idéias que lhe transmitiam pelo cérebro perispiritual, o qual é obrigado assim a unir os elos vazios da
comunicação, demonstrando até que ponto é capaz de expor a mensagem espiritual sem distorcê-la ou
fragmenta-la na sua essência doutrinária.
Essa ação imprevista, que obriga o médium a convocar a todos os seus valores intelectivos e morais, para
fazer a cobertura da “fuga” do pensamento do espírito comunicante, é algo parecida àquilo que acontece ao
orador desprevenido e repentinamente obrigado a falar em público, o qual se vê obrigado a rapidíssima
aceleração mental, para não cometer fiasco.