20. Mediunidade de cura e terapêutica dos passes                                                                          

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Introdução ao estudo das obras de Ramatís: Estudo da mediunidade 

 
Entre os pacientes submetidos aos passes mediúnicos, poucos são os que se sentem atraídos e confiantes 
no médium que, arfando qual fole vivo, sopra-lhes no rosto o seu mau hálito e respinga-os de saliva, 
enquanto ainda os impregna com a exalação fétida do corpo ou dos pés mal asseados. Outros médiuns 
ainda acrescentam a tais negligências o odor morno e sufocante do corpo suado, da brilhantina inferior no 
cabelo e da roupa empoeirada. 
 
Malgrado essas considerações parecerem algo exageradas, deve-se ter sempre em conta que o êxito da 
terapia mediúnica depende fundamentalmente do estado de receptividade psíquica dos enfermos;
 em 
conseqüência, todos os motivos ou aspectos desagradáveis no serviço mediúnico, mesmo os de ordem 
material, como é o caso dos passes terapêuticos, reduzem consideravelmente o sucesso desejado. 
 
Nas tradicionais instituições e fraternidades iniciáticas, antes de quaisquer cerimônias ritualísticas e antes 
de os seus adeptos exercerem o culto esotérico ou a tarefa terapêutica, devem submeter-se ao banho do 
corpo inteiro em água odorante, ou, pelo menos, efetuar a ablução das mãos em líquido profilático. 
Comumente eles trocam as vestes de uso cotidiano por outras, limpas e suavemente incensadas, 
substituindo os calçados empoeirados pelas sandálias de pano alvo e asseadas. 
 
Em face dos elementos eletromagnéticos que constituem a essência da água, tomar um banho após um dia 
estafante proporciona um bem estar saudável e reconfortante. 
 
Certos movimentos espiritualistas como o esoterismo, a teosofia, a rosacruz, a yoga, os essênios e os 
fraternistas, costumam queimar incenso em suas reuniões de estudos, meditações ou irradiações, mas o 
fazem independentemente de qualquer ritual ridículo ou intenção de neutralizar a ação de espíritos 
malfeitores, como ainda supõem certos críticos desavisados da realidade. 
 
Essa prática obedece mais propriamente a um senso de estesia espiritual e sensibilidade olfativa, em 
que os seus componentes procuram eliminar odores e exalações desagradáveis do ambiente, substituindo-
os pelo aroma agradável e de inspiração psíquica, que provém do incenso em sua emanação delicada. É 
recurso natural usado no mundo físico e condizente com a natureza de um trabalho espiritual elevado, mas 
sem qualquer superstição mística ou providência mágica. 
 
Não se confunda, pois, a limpeza das mãos, a substituição das vestes empoeiradas e suarentas pelos trajes 
limpos, o banho preventivo ou o próprio aroma agradável no ambiente de trabalho psíquico, com os 
preceitos pagãos de ritualismo supersticioso ou cerimônias tolas. Assim como é censurável o fanatismo do 
ritual, também são censuráveis a falta de higiene corporal e a ortodoxia cega contra os recursos naturais do 
mundo, e que ajudam a melhor sensibilização psíquica. 
 
Não se recomenda uma profilaxia fanática e exagerada, capaz de transformar a mais simples limpeza do 
corpo ou do ambiente em implacável formalismo a objetos e rituais; mas também não é aceitável que alguns 
médiuns espíritas se apresentem aos centros espíritas com as mãos gordurosas ou sujas de vitualhas 
temperadas, enquanto guardam a ingênua presunção de doar fluidos agradáveis e sadios aos enfermos. 
 
O auxílio dos guias de alta vibração espiritual junto aos médiuns não é suficiente para neutralizar o efeito 
dessas emanações ou odores, próprios do corpo de carne e não do espírito imortal, pela simples razão de 
que se bastasse unicamente a presença de bons guias para que se eliminassem quaisquer surtos 
enfermiços ou odores desagradáveis dos médiuns ou do ambiente, é óbvio que estes então seriam 
dispensáveis, por não passarem de simples estorvo a dificultar a livre fluência das energias doadas pelos 
desencarnados. 
 
As criaturas já santificadas podem prescindir de qualquer rito ou recursos profiláticos do mundo físico na 
tarefa de curar o próximo, e, portanto, são verdadeiros condensadores de vibrações do Cristo. Entretanto, 
em geral, os médiuns de prova são pessoas defeituosas, enfermas, e algumas até viciadas e de pouca 
higiene, ou mesmo preguiçosas, que ainda deixam a cargo de seus guias os problemas e os obstáculos 
naturais do mundo físico. 
 
Muitos deles, presunçosos do seu poder mediúnico, e convencidos de que vivem sempre assistidos pelos 
espíritos de hierarquia espiritual superior, deixam de mobilizar os recursos próprios do plano em que atuam, 
guardando a esperança de que o milagre há de se realizar à última hora.